sexta-feira, 27 de julho de 2007

Miasthenia



1. É bom contar com vocês que executam um ótimo metal negro pagão aos ancestrais nativos do continente. Conte um pouco mais sobre MIASTHENIA.
Hécate – A banda surgiu no incío 1994, naquela época eu tocava guitarra e fazia vocais junto com Vlad D’Hades (Baixo e Vocal) e Mictlantecutli (batera). Em 1995 gravamos a Demo Reh “Para o encanto do Sabbat”. Ainda com essa formação em 1996 gravamos a Demo “Faun – trágica música noturna”, lançada em 1998 pela Evil Horde num Split Cd com a banda Songe D’Enfer. Eu gravei os teclados, o Baixo e fiz boa parte dos vocais. Desde essa época passei a compor os sons a partir dos teclados e acrescentamos um novo baixista à banda – Mist. No início de 1999 Vlad saiu da banda. Passei a assumir completamente os vocais e acrescentamos dois novos guitarristas Imperious e Thormianak. Em 2000 gravamos o álbum “XVI” apenas com Thormianak nas guitarras. Em 2004 lançamos o “Batalha Ritual” e realizamos uma Turnê no sul e sudeste do Brasil com o Enthroned (Bélgica) e Evil War. Logo após essa turnê Mictlantecutli encerra suas atividades com a banda. Em 2005 ficamos sem batera, mas compondo novos sons. No início de 2006 Hamon (Mythological Cold Towers e Spell Forest) se dispôs a assumir a batera. Fizemos quatro shows neste mesmo ano e no momento continuamos trabalhando nas composições de um novo álbum, previsto para 2007.

2. Vocês mantém viva a idéia de que devemos derramar o sangue inimigo e buscar forças ancestrais para o combate. Para que possamos salvar o pouco que resta e retornar a tempos gloriosos. Diante a micropsiática visão da população à realidade atual, ainda há chances?
Hécate – Não acredito em retornos. Acredito que a memória ancestral deve ser preservada e que temos muito a aprender com os povos antigos. O conformismo e ignorância cristã que corroem a realidade é fruto dessa falta de memória e da manipulação da história ocidental por parte da cristandade. Quando falamos de tempos passados, não estamos nos referindo a um retorno glorioso, isso seria mera ilusão, o que nos importa é manter a resistência anti-cristã sob nova roupagem, por isso lembrar é resistir.

3. HÁ- MAZAN ZÔSTER. Explique-nos.
Hécate – Há-mazan é o termo que deu origem à palavra “amazona” usada para designar às mulheres guerreiras da Antigüidade. Acredita-se que o termo era usado por um povo iraniano e significava “guerreiros”, mas etimologicamente os antigos a associavam ao prefixo “alfa” e “mazos”, seios, porque segundo as tradições antigas, desde a mais tenra idade, essas mulheres guerreiras tinham o seio direito comprimido ou queimado a fim de facilitar o manuseio do arco. A música Zoster é uma homenagem à essas guerreiras com as quais eu me identifico, já que elas representam no imaginário cristão, toda a subversão da ordem moralista e machista cristã.

4. Qual a freqüência de visitas a museus dos membros da MIASTHENIA?
Hécate – infelizmente aqui em Brasília não tem tantos museus. No ano passado visitamos duas grandes exposições no CCBB uma de arte pré-histórica e outra de arte pré-colombiana. Esta última foi especial, havia painéis explicativos, aliás havia um sobre a “batalha ritual” dos astecas muito interessante; havia também esculturas com cenas de sacrifícios humanos mochicas, instrumentos rituais e múmias... Gostamos muito de arte pré-histórica, pré-colombiana e também de arte obscura e pagã, quando ocorrem exposições com esses temas geralmente visitamos.

5. Literatura atualmente degustada por vocês.
Hécate – leio obras mais historiográficas e antropológicas relacionadas à América pré-colombiana e à conquista espanhola/portuguesa do continente, gosto também de obras ligadas à feitiçaria, satanismo, paganismo (inca, asteca, maia, navarro, iroquese, greco-romano, celta, viking, egípica, mesopotâmica...), bruxaria e mitologia. Andei lendo também algumas coisas sobre mitologia e antigos rituais e impérios africanos.

6. Essa mesma pergunta foi feita a MYTHOLOGICAL COLD TOWERS, acreditam que povos orientais chegaram na América há muito tempo atrás? Pois conheço um boliviano que encontrou diversos paralelos na antiga língua utilizada pelos povos mais antigos de lá e o chinês.
Hécate – não só acredito, como existem provas arqueológicas a respeito do continente americano ter sido povoado por povos de origem asiática. Na última era glacial havia uma ponte de gelo no estreito de Bering que ligava o Alasca ao continente asiático, por conta disso alguns povos migraram para a América, provavelmente em busca de melhores condições de vida. Alguns estudos de DNA em fósseis pré-históricos do continente revelam parentesco com povos asiáticos. Mas em contrapartida também existem outras provas de que povos de origem africana tenham habitado essas terras na pré-história. Um exemplo disso está no crânio mais antigo encontrado no Brasil que revela DNA e traços africanos. Talvez isso se deva ao fato de que há milhões de anos havia um único continente, denominado Pangéia, após a queda de um enorme meteoro na terra se fragmentou dando origem aos continentes que conhecemos. Além disso, sabemos que na antiguidade, antes do esplendor da Grécia e da Roma, os povos africanos dominavam a tecnologia e já circulavam em embarcações pelo oceano, estabelecendo contato com outros povos, um exemplo disso está na presença de traços africanos na cultura Maia. Tudo é possível, até mesmos as teorias de que a humanidade surgiu no próprio continente americano como defendem alguns estudiosos


7. Cite literatura e música influentes para MIASTHENIA.
Hécate – Na literatura posso citar alguns livros como o “América Mágica”, “Inferno Atlântico”, “A heresia dos índios”, “História do medo no ocidente”, “Mitologias y leyendas de América y Oceania”, “Hans Staden”, “Tiahuanaco”, “De la idolatria”, “O anti-cristo” dentre vários outros. Quanto à música escutamos muito Heavy Metal (old scholl), além de várias bandas de Death, Black e Pagan Metal, por isso fica difícil dizer de onde vêm exatamente nossas influências.


8. A energia das apresentações é incomparável, quando ocorrerão novas apresentações?
Hécate – Por enquanto estamos dando um tempo com os shows para nos dedicar aos trabalhos de composição do novo álbum, talvez lá para maio de 2007 devemos voltar aos palcos.O Miasthenia não costuma fazer muitos shows, no máximo 3 a 4 por ano, porque não podemos abandonar os nossas trabalhos para encarar muitas horas de viagem.

9. O que pode nos dizer sobre mentes como Ivo Morales e René Descartes?
Hécate – não gosto de fazer afirmações precipitadas sobre políticos, espero que Ivo Morales realmente assuma o seu compromisso com os bolivianos e despreze o imperialismo norte-americano. Quanto a Descartes, vejo como um homem do século XVI que na época rompeu com muitas barreiras na filosofia influenciando numa visão de mundo mais racionalista e científica, apesar disso vejo-o também como um obcecado pela idéia e busca de Deus


10. Já tiveram a oportunidade de visitar países da América do Sul?.
Hécate – em 1997 visitei na Bolívia o lago Titikaka e as ruínas de Tiahuanaco, além de Cuzco no Peru (capital do Império Inca) e Machu Picchu. Thomianak conhece a Argentina, Uruguai e o Paraguai. Também já fui em Assunción e outros lugares no interior do Paraguai.


11. Espero que muitos sigam o exemplo da MIASTHENIA e deixem de ser tão simplistas em suas ideotologias. Agradeço imensamente o papo e deixe-nos suas considerações finais.
Hécate - Agradeço ao Moloch pelo espaço nessa entrevista e pelo apoio à banda de longa data. Grande sorte para ti em teus projetos . Mantenha a chama do paganismo acessa. “Nós integramos as hordas do anti-cristo, fazendo ruir os pilares sagrados!!!”. Aguardem o nosso novo álbum, previsto para 2007.

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